Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos
(PNCBA), conduzida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), a projeção do novo salário mínimo para 2024,
estabelecido em R$ 1.412, indicará a capacidade de adquirir 1,83 cesta básica.
A análise, que considera o salário mínimo atual de R$ 1.320, aponta que, com esse
valor, é possível comprar 1,74 cesta básica. A perspectiva de aumento para o
próximo ano representa um incremento de 6,7%, equivalente a R$ 92.
A pesquisa revela uma retrospectiva desde 2013, quando o
salário mínimo de R$ 678 permitia a compra de 2,1 cestas básicas. Esse poder de
compra se manteve até 2014, declinando em 2015 para 2,02 cestas. Em 2016, o
número continuou a cair, chegando a 1,93 cestas com um salário mínimo de R$
880. A partir de 2017, a quantidade de cestas que poderiam ser adquiridas voltou
a subir, alcançando 2,16 em 2017 e mantendo-se estável até 2019.
Com o advento da pandemia em 2020, associada a um salário
mínimo de R$ 1.039, a quantidade de cestas caiu para 1,88. Esse declínio
persistiu até 2022, com uma média de 1,59. Contudo, em 2023, observou-se um
aumento, preparando o terreno para a estimativa positiva em 2024.
O primeiro levantamento da cesta básica em 2024 revela um
aumento de preço na capital, com um custo médio de R$ 770,67. Esse valor
representa um acréscimo de 2,55% em relação ao último levantamento realizado na
segunda semana de dezembro de 2023, quando a cesta custava R$ 751,52. Nove dos
13 alimentos analisados registraram elevação de preço na segunda semana de
janeiro, de acordo com o boletim divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Análise
da Fecomércio Mato Grosso (IPF-MT).
José Wenceslau de Souza Júnior, presidente da Fecomércio-MT,
destaca que, apesar do terceiro aumento consecutivo no preço da cesta em
Cuiabá, o valor atual está 4,98% menor que no mesmo período de 2023,
mantendo-se pela sétima semana consecutiva na comparação anual.
O item que apresentou a maior variação de preço foi a batata,
com um aumento de 31,19% na segunda semana de 2024 em relação ao último
levantamento de 2023. Esse movimento pode estar relacionado a questões
climáticas, afetando a oferta do produto nos supermercados.
A alta no preço do feijão, de 5,23%, pode estar associada à
menor oferta no período e às quebras de safra do ano passado, devido à
diminuição da produtividade. Outro item com forte elevação de preço médio é o
café, com um aumento de 4,25%. O mercado internacional e as previsões
climáticas podem influenciar essas variações, contribuindo para o crescimento
nos preços médios.
José Wenceslau Júnior ressalta que os aumentos observados são
reflexos climáticos e que não impactaram significativamente na elevação de
preços no comparativo anual. Com exceção da batata, o feijão e o café
apresentam preços menores atualmente do que no mesmo período de 2023, com
reduções de 16,46% e 7,69%, respectivamente.
Perspectivas para 2024:
Desafios e Tendências no Custo da Cesta Básica
Um levantamento do Observatório PUC-Campinas aponta para uma
tendência de aumento no custo da cesta básica para 2024. O estudo revela que,
apesar de uma queda de 5,66% no acumulado do ano em relação a 2022, fatores
como questões climáticas, volume da safra e inflação projetada indicam uma
possível alta no custo desses alimentos.
Pedro de Miranda Costa, economista responsável pelo estudo,
explica que, em 2023, embora o grupo de alimentos e bebidas tenha registrado
uma alta de 1,03%, alguns fatores contribuíram para o recuo da cesta básica,
como uma safra recorde.
O ano de 2023 apresentou dois movimentos distintos, com uma
tendência geral de baixa no valor da cesta básica até a metade do ano,
refletindo a safra recorde de alimentos que impactou positivamente os preços. O
economista destaca que, embora seja difícil esperar que as condições
excepcionais se repitam em 2024, a safra normal já representa um cenário mais
desafiador.
O clima é um fator crucial que pode afetar a produção de alimentos,
com variações de temperatura, excesso de chuvas ou períodos de seca
influenciando diferentes regiões do Brasil. Essas incertezas adicionam pressão
ao grupo de alimentos, gerando dúvidas sobre o custo dos produtos para o
consumidor final.
Além disso, há uma tendência de alta na inflação em geral,
embora o professor destaque que não se trata de um aumento abrupto de preços. A
perspectiva para os alimentos em 2024 indica que os preços podem ser mais altos
do que em 2023, mas não atingirão os patamares de 2022.
O estudo do Observatório PUC-Campinas destaca que, entre os
13 itens analisados mensalmente, seis apresentaram alta na variação de preço ao
longo de 2023, com arroz (19,51%) e batata (17,02%) registrando as maiores
altas. Por outro lado, óleo (25,6%) e carne (15,87%) apresentaram queda, sendo
que a carne representa 32,5% do custo total da cesta.
O preço da cesta básica em Campinas, que fechou dezembro em
R$ 714,04, representa o maior valor para um mês desde junho de 2023. Em
comparação com outras capitais brasileiras avaliadas pelo Dieese, o preço da
cesta básica em Campinas fica abaixo apenas de Porto Alegre (RS), São Paulo
(SP), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro (RJ).
Desafios à Mesa dos
Brasileiros em 2024
À medida que o novo salário mínimo é projetado para
possibilitar a compra de 1,83 cesta básica, os desafios e tendências
apresentados pelos estudos do Dieese e do Observatório PUC-Campinas apontam
para um cenário complexo em 2024. A relação entre salário mínimo, inflação,
condições climáticas e produção agrícola desenha um quadro onde o equilíbrio no
poder de compra dos alimentos essenciais torna-se um ponto sensível.
A oscilação nos preços de itens fundamentais, como arroz,
batata, feijão e café, destaca a vulnerabilidade do consumidor diante de
fatores climáticos e mercadológicos. A pesquisa revela que, embora o preço
médio da cesta básica em Cuiabá tenha aumentado na segunda semana de janeiro, o
valor atual ainda se mantém abaixo do mesmo período de 2023.
No entanto, o cenário nacional, representado pelo
levantamento do Observatório PUC-Campinas, alerta para uma provável alta nos
custos alimentares em 2024. A safra recorde de 2023, que contribuiu para a
redução de preços, é considerada uma exceção, e as condições normais de produção
podem resultar em um aumento nos preços dos alimentos.
Em resumo, a relação entre salário mínimo, custo da cesta
básica e desafios climáticos moldará a capacidade dos brasileiros de garantir
uma alimentação adequada em 2024. O poder de compra do salário mínimo,
impulsionado pelo aumento projetado, é uma peça fundamental nesse quebra-cabeça
complexo, onde diversos fatores se entrelaçam na mesa dos brasileiros. O
consumidor continuará a enfrentar desafios, e a adaptabilidade será crucial
para lidar com as incertezas que se apresentam à frente.
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