À medida que a indústria têxtil encerrou o ano de 2023, uma
sombra pairou sobre as previsões para 2024, marcando um período desafiador para
o setor. O embate com a concorrência de produtos importados, especialmente
impulsionados por plataformas de comércio eletrônico como Shein, AliExpress e
Shopee, tem sido apontado como o principal desafio enfrentado pelas fábricas de
vestuário.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) prevê uma
reação tímida em 2024, com um crescimento estimado entre 0,5% e 0,9% na
produção. Este prognóstico é influenciado pelo impacto negativo das importações
massivas no ano anterior. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), referentes a outubro de 2023, revelam quedas significativas de 8,4% nas
vendas de tecidos, vestuário e calçados, e de 9,3% na produção de confecções.
Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit, destaca
que fatores como o reforço nos programas sociais, a recuperação do emprego e a
inflação mais controlada não foram suficientes para contrabalancear os efeitos
prejudiciais das importações de roupas. A isonomia tributária com as
plataformas internacionais de e-commerce torna-se uma demanda crucial para a
melhora do desempenho em 2024.
A implementação do programa "Remessa Conforme" em
agosto de 2023 foi um passo nessa direção, cobrando impostos sobre as
importações antes da chegada da mercadoria ao consumidor. No entanto, pequenas
encomendas em sites internacionais, até o limite de US$ 50, permaneceram
isentas do imposto federal, gerando questionamentos por parte da indústria
têxtil.
De acordo com estimativas da Abit, as encomendas de produtos
estrangeiros em sites atingiram a marca de 200 milhões em 2023, um aumento
notável em relação aos 178 milhões registrados em 2022. Mais da metade dessas
compras (57%) têm origem na China, com roupas sendo o item mais adquirido pelos
consumidores brasileiros.
A preocupação com a concorrência desleal, destacada por 77%
das empresas do setor, evidencia a urgência da isonomia tributária. Essa
preocupação supera até mesmo a inquietação com a elevada carga tributária,
mencionada por 55% dos participantes da pesquisa realizada pela Abit.
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