O preço do arroz, um dos alimentos essenciais na mesa dos
brasileiros, registrou uma aceleração significativa, superando a marca de R$ 25
para um pacote de 5 kg. Em 2023, o valor do cereal subiu quase 25%, segundo
cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), destacando-se no subgrupo
"Alimentação no domicílio" e contribuindo para a inflação oficial do
país.
Essa elevação anual fica apenas atrás da registrada em 2020
(76,01%), durante os impactos iniciais da pandemia de Covid-19. Em dezembro do
ano passado, o preço do arroz teve uma valorização de 5,81%, ficando atrás
apenas da batata-inglesa (19,09%) e do feijão-carioca (13,79%).
A alta do preço do arroz em 2023 teve um peso significativo
de 0,69% sobre o IPCA, que encerrou o ano com uma alta de 4,62%, inferior aos
5,79% de 2022 e no menor nível desde 2020.
As perspectivas para 2024 dependem de diversos fatores,
incluindo o impacto do dólar sobre as exportações brasileiras, condições
climáticas e safras globais. No Brasil, a baixa nos estoques adiciona
incertezas ao cenário.
O indicador AbrasMercado, que monitora a variação de preços
nos supermercados do país, destacou o arroz como líder de alta entre os itens
básicos em novembro, com um aumento de 3,63%.
A alta anual foi de 17,70%, e, em 12 meses, alcançou 22,14%.
Os dados de dezembro serão divulgados nos próximos dias pela Associação
Brasileira de Supermercados (ABRAS).
O Cenário no Campo:
Desafios e Perspectivas para 2024
Os supermercados representam o último elo da cadeia produtiva
do arroz, que se inicia no campo. A valorização do produto adquirido pelas
indústrias agrícolas reflete um cenário de oferta reduzida no Rio Grande do
Sul, principal estado produtor, devido a fatores como chuvas, entressafra e
outros elementos, conforme explicado por Alexandre Velho, presidente da
Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
O repasse desses custos ao consumidor é resultado de uma
safra ligeiramente menor de arroz no Brasil, além do impacto das restrições de
exportação na Índia e de um aumento nas exportações pelo Brasil no último ano.
No entanto, Velho destaca que os preços tendem a diminuir no
início de 2024, com boas expectativas para a safra desse ano. A previsão é de
que a nova safra seja favorável no Rio Grande do Sul, apesar da redução
prevista na produtividade devido ao fenômeno El Niño. O aumento da área
cultivada deve compensar esse cenário.
Perspectivas para 2024:
Preços Firmes e Menores Estoques
Em continuidade às altas registradas em 2023, o indicador do
arroz em casca CEPEA/IRGA-RS atingiu um recorde nominal em 9 de janeiro de
2024, cotado a R$ 131,11/saca de 50 kg.
As perspectivas do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea) indicam que os preços internos do arroz em casca permanecerão
firmes em 2024, sustentados principalmente pelos menores estoques.
Lucilio Alves, pesquisador responsável pela área de trigo do
Cepea, destaca que a dinâmica do mercado pode prolongar as altas registradas
nas negociações entre indústrias e produtores durante o segundo semestre de
2023.
Os aumentos de preço no campo refletem-se ao longo de alguns
meses para o consumidor final, e o varejo ainda absorve o cenário dos últimos
meses, com o arroz em casca subindo 57,8% entre produtor e moinhos de junho de
2023 até o momento.
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