Pesquisadores da PUC-Minas encontram fóssil de mamífero
herbívoro do Período Pleistoceno, desafiando mitos sobre a região de Pains.
Em uma reviravolta paleontológica, a Gruta João Lemos,
localizada em Pains, no Centro-Oeste de Minas Gerais, revelou o fóssil de uma
preguiça-gigante da família Scelidotheriinae, estimada em aproximadamente 2,5
metros de comprimento. A descoberta, realizada por pesquisadores da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), traz à luz um exemplar
significativo da megafauna que habitou a região durante o Período Pleistoceno,
conhecido como a "Era do Gelo".
O último achado na cidade remontava a 1998, quando um
mastodonte foi identificado. Agora, a preguiça-gigante emerge como uma nova
peça do quebra-cabeça paleontológico da região. O mamífero, pertencente à
Superordem dos Xenartros, compreende animais como tatús, tamanduás e preguiças,
destacando-se pela peculiaridade de seu hábito terrícola com caminhar
pedolateral, apoiando-se na parte lateral dos pés.
Bruno Kraemer e Luiz Eduardo Panisset Travassos, os
pesquisadores responsáveis pela descoberta, compartilham que a preguiça-gigante
tinha uma alimentação herbívora graminívora, complementada com tubérculos. Sua
habilidade de escavar o solo com garras alongadas facilitava a busca por
alimentos e a criação de tocas. Essas tocas não apenas serviam como abrigo em
climas adversos, mas também como locais de procriação.
A pesquisa revela um panorama mais detalhado do ambiente em
que essas criaturas majestosas viveram. As preguiças-gigantes da família
Scelidotheriinae habitavam uma savana intertropical (cerrado) com manchas de
matas de galerias. Esses locais ofereciam não apenas alimentos ricos em água e
nutrientes, mas também condições propícias para a sobrevivência e reprodução.
Uma descoberta adicional, destacada pelos cientistas, é a
conservação notável dos fósseis em cavernas de Pains. O ph básico do calcário
presente nas cavernas, que se dissolve na água, favorece a preservação dos
fósseis. Essa condição única na região contribui para a relevância do achado e
desafia a ideia anterior de que a região não possui registros expressivos de
megafauna além do mastodonte.
Os pesquisadores Travassos e Kraemer sublinham a importância
local e regional da descoberta, destacando que este novo achado quebra mitos e
amplia a compreensão sobre a diversidade da megafauna que habitou Minas Gerais
durante eras passadas.
O fóssil, agora cuidadosamente extraído, será encaminhado
para o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte, onde
continuará a contar a história fascinante desses animais que um dia vagaram
pelas terras que hoje chamamos de Minas Gerais.
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